Livros X Consumo Consiente

novembro 03, 2019


Oi gente!

Turupom?
Na verdade eu quero falar de uma coisa que vai parecer muito estranho, mas também meio contraditório, e que tem feito eu repensar sobre as minhas próprias atitudes. Tanto na minha vida quanto aqui no mundo literário.
Quando eu comecei a ler e colecionar minhas leituras, pouco me importava se o livro era com orelha, sem orelha, se era hardcover ou papperback, mano, meus livros eram da Avon, e eu era feliz! Bons tempos. Com o tempo fui aprendendo, conquistei meu próprio dinheiro e comecei a comprar e entender mais sobre livros e "refinar" o gosto literário, não que isso seja ruim, mas vou chegar no problema.
Depois de mais um tempo, o critério mudou: comecei a comprar livros porque estavam baratos, "Ah, 9.90 tá barato, não conheço, mas vou comprar", muitos deles estão na minha estante até hoje, sem nunca serem tocados, a não ser para tirar a poeira. Acho que a Internet acaba criando uma pressão social pra ter mais, consumir mais, e no bookstagram não é diferente. A necessidade de lotar a estante parece um padrão.
A alguns meses eu parei com isso, as vezes juntar um dinheiro e comprar um livro mais caro que você deseja, vale mais a pena que comprar 4, 5, 6 livros de 9.90 em uma promoção porque tá barato. Vejo hoje minha biblioteca como uma extensão de quem eu sou, quero ter livros que eu realmente quero ler. ⠀
As vezes a gente segue muito o fluxo de quero comprar, preciso ter. Eu quero, e de fato você realmente precisa? É um livro que você deseja? Ou é apenas um impulso consumista?
Por exemplo: Eu tenho 2 edições diferentes dos 7 livros Harry Potter, e pra que diabos isso se é o mesmo texto? Eu estou refletindo muito sobre isso. Tentando ser o mais honesto comigo mesmo, refletindo como tenho vivido o consumo no modo geral, me tornando um escravo do consumo, me exigindo, acumulando demais na busca por um sentido.
Estou tentando ter um consumo mais consciente, não só com livros mas com coisas no geral é só reparar: a gente nunca tá satisfeito com o que tem, sempre quer mais, preciso começar a realmente me desapegar daquilo que eu não preciso. E eu acho que não é somente eu esteja saturado do excesso.

E mesmo que esse papéis sejam feitos de madeira reflorestada, a extração e fabricação causam impactos que comprometem a biodiversidade das nossas matas e impactam diretamente na vazão das nossas nascentes.

Segundo o instituto Akatu, uma organização não governamental, que estimula um consumo mais consciente, a cada quilo de papel produzido são necessários 540 litros de água. Depois do material vegetal coletado, ele vai passar por diversas etapas dentre lavagem, cozimento, e pressurização até chegarem no nosso lindo livrinho, sem contar o processo das tintas e outros materiais plásticos utilizados nas capas.

Nós sabemos que viver sem o papel hoje em dia é praticamente impossível, e quem não ama o cheirinho de livro novo não é mesmo? Mas precisamos criar uma maior consciência, e pensar melhor em nossas atitudes. Comprar algo que vamos mesmo consumir e não apenas empilhar na estante. É entender que várias árvores e muitos litros de água foram retirados do nosso meio ambiente para que você empilhe livros na sua estante e os abandone.

Os nossos queridos @leitoradodesastre e @preconceitoliterario e mais alguns amiguinhos começaram o projeto chamado #estantezero, super válido, para acabar com os livros acumulados e não lidos das nossas estantes. E que mais projetos assim apareçam, que aprendamos a desapegar de livros que não queremos, doando a bibliotecas escolas, e entendendo que as nossas atitudes mesmo que pequenas contam.

Consciência limpa de ter feito algo e melhor que o remorso de não ter feito o que estava ao alcance. Porque quando a escassez chegar, não haverá lágrimas suficientes que encham os nossos rios ou que regue os nossos solos.

Beijão e até o próximo papo! ❤️

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